VAL MELLO
( Brasil – Piauí )
Bacharel em Administração de empresas, pós-graduada em gestão de qualidade. Explora suas facetas como poeta, performer e artista plástica.
Remonta versos e aforismos em sua página do Instagram @oiesua_ruiva e no blog Nudez do Pensamento, suas ilustrações estão em @visual_poema.
Participou de inúmeras coletâneas poéticas, recebeu prêmio Excelência Artística 2019, concedida pela APERJ (ASSOCIAÇÃO PROFISSSIONALA DE POETAS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO).
Lançou seu primeiro e-book em 2020, "A Violeta 19 – Uma Transmutação Pandêmica ", em co-autoria com o jornalista e poeta Jorge Ventura, cuja obra foi duplamente premiada com o Troféu Arte em Movimento 2021 e com prêmio Internacional Iberoamericano Nevada Solidario de Oro.
Ainda em 2021, recebeu o prêmio Coração da Arte, categoria poeta.
Seu primeiro livro solo intitulado "Vermelhos InVersos" foi lançado em abril de 2021, com selo Ventura Editora.
É diretora da mídia digital da APPERJ (2022-2024).
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CENA poética 8 , incluindo contos. Editor: Rogério Salgado. Belo horizonte, MG: RS Edições & Baroni Edições, 2022. 200 p. 14 x 21 cm Ex. bibl. Antonio Miranda
Fração de tempo
O inexorável amanhecer
despeja um sol sobre nós
Foi-se a noite
Sobram lençóis
junto à lembrança do beijo
fotografado da lua
Há temperos de verdades
cozidos pelo tempo
A loucura
à verdade
o perfume
a fantasia
Resta também a certeza
de que um pedaço de noite
vale mais que mil dias
Penúria
"É dessa massa que somos feitos?
Metade de indiferença, metade de ruindade."
José Saramago (Ensaio sobre a cegueira)
O ruminante das perdas
faz suas voltas no tempo
Sacode pelos e peles
sob um pó avermelhado
Natureza pura de sonhos
partidos e desmamados
Nas lacunas estomacais
sobrevive todo o erário
dos buchos abastecidos
com a esperança alheia
Toda fome vez sentida
é moeda de barganha
pra quem desconhece o vazio
de uma boca esfomeada
e de um corpo que apanha
Zumbis
Mentes entorpecidas,
meio ao mundo do furor
Bocas com inverdades
Amor a virar poeira
sob atos cotidianos
do egoísmo em bandeira
Demônios já não ousam
copiar ações humanas
Os anjos numa ciranda
se perdem e se despedem
O homem age sozinho
sem culpas se sem fronteiras
Em álibi santo ou profano
faz sua vez, seu espaço
E no galgar de cada passo
mancha sua existência
ao nega ser responsável
pelo outro a perecer.
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Página publicada em outubro de 2022
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